segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

BENTO XVI :HORIZONTE DA UNIDADE SEGUE ABERTO



Papa afirma que horizonte da unidade plena dos cristãos segue aberto

Ontem na conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos


O Papa assegurou ontem que o «horizonte da unidade plena» permanece «aberto diante de nós», e que se trata de uma tarefa «árdua, mas entusiasmante para os cristãos que querem viver em sintonia» com a unidade querida por Cristo.

O Papa lançou esta mensagem positiva na homilia da celebração ecumênica que teve lugar esta tarde na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, para concluir a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, ainda que advertiu que alcançar a unidade plena «não é possível com as forças humanas».

Esta tradicional celebração, que reuniu na basílica paulina membros da Cúria romana e representantes de outras confissões cristãs presentes em Roma para a oração das Vésperas, coincide este ano com a Festa da Conversão de São Paulo, assim como com o 50 aniversário do anúncio, por parte do Papa João XXIII, da convocatória do Concílio Vaticano II.

O Papa referiu-se ao Concílio precisamente como «uma contribuição fundamental ao ecumenismo, condensada no Decreto Unitatis redintegratio».

«A atitude de conversão interior em Cristo, de renovação espiritual, de caridade acrescentada perante os demais cristãos deu lugar a uma nova situação nas relações ecumênicas», explicou.

O Papa, nesse sentido, agradeceu o Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos pelo «serviço que faz à causa da unidade de todos os discípulos do Senhor» e indicou duas linhas de trabalho: «valorizar o que se alcançou» e «encontrar novos caminhos para continuar as relações no contexto atual».

«Este Deus, que é Criador e é capaz de ressuscitar os mortos, é também capaz de reconduzir à unidade o povo dividido em dois», explicou.

O Papa insistiu em que a unidade depende da conversão interior dos cristãos. «Esta conversão é um dom de Cristo ressuscitado, como sucedeu para S. Paulo», que foi «alcançado por Cristo», esclareceu.

A conversão «implica duas dimensões. No primeiro passo se conhecem e se reconhecem à luz de Cristo as culpas, e este reconhecimento converte-se em dor e arrependimento, desejo de um novo começo. No segundo passo se reconhece que este novo caminho não pode vir de nós mesmos», explicou o Papa.

Ademais, esta conversão de Paulo «não foi um passo da imoralidade à moralidade, de uma fé equivocada a uma fé correta, mas que foi o ser conquistado pelo amor de Cristo: a renúncia à própria perfeição, foi a humildade de quem se coloca sem reserva ao serviço de Cristo para os irmãos».

«Apenas nesta renúncia a nós mesmos, nesta conformidade com Cristo, estamos unidos também entre nós, convertemo-nos em ‘uno’ em Cristo. É a comunhão com Cristo a que nos dá a unidade», afirmou.

A conversão de S. Paulo, explicou o Papa aos presentes, «oferece-nos o modelo e nos indica o caminho para ir até a unidade plena. A unidade de fato requer uma conversão: da divisão à comunhão, da unidade ferida à unidade curada e plena».

«O próprio Senhor, que chamou Saulo no caminho de Damasco, dirige-se aos membros de sua Igreja –que é una e santa– e chamando cada um por seu nome pergunta: por que me dividiu? Por que feriu a unidade de meu corpo?», acrescentou.

Nesse sentido, também recordou as palavras da Unitatis redintegratio, e acrescentou que o «ecumenismo verdadeiro não pode existir sem conversão interior; porque o desejo da unidade nasce e amadurece na renovação da mente, da abnegação de si mesmo e da efusão da caridade».

«O Concílio Vaticano II nos advertiu que o santo propósito de reconciliar todos os cristãos na unidade da Igreja de Cristo, una e única, supera as forças humanas», recordou o Papa, pedindo a intercessão de São Paulo para o futuro do ecumenismo.

«Confiando na oração do Senhor Jesus Cristo e animados pelos significativos passos dados pelo movimento ecumênico, invocamos com fé o Espírito Santo para que siga iluminando e guiando nosso caminho», concluiu.