terça-feira, 5 de maio de 2009

Dicas sobre como promover a Missa Tridentina na sua Paróquia


Pode um padre proibir a celebração da missa tridentina? Legalmente não.
Mas e se ela se transformou num cavalo de batalha dentro da paróquia, criando uma verdadeira luta de classes entre os paroquianos? Bom, então a situação fica muito difícil, porque a unidade eclesial está ameaçada.
Acho que vai ser a quinta vez que vocês vão ler o que vou escrever, mas preciso repetir, mesmo correndo o risco da monotonia.

No Brasil a missa tridentina, segundo as norma do Summorum Pontificum (SP), é pouco conhecida. Conta-se nos dedos da mão as dioceses que possuem essa forma celebrada com uma freqüência mais ou menos adequada. Não é segredo para ninguém que o próprio Papa deseja ver a forma extraordinária da liturgia sendo oferecida mais abundantemente. Contudo, também não é segredo que alguns grupos estão transformando o rito tridentino numa verdadeira bomba atômica nas suas dioceses. Explosões para todos os lados...e o que sobre depois? Ruínas.

Por outro lado, eu recebo relatos pelo blog ou por e-mail de grupos verdadeiramente empenhados em fazer do SP uma realidade unificante. Grupos que celebram com amor e devoção, zelando pela unidade interna da igreja local. Esses grupos entenderam o que o Papa lhes concedeu.
Sei que vai parecer absurdamente obvio o que segue, mas o rito tridentino é o rito extraordinário da missa. Não há no Brasil uma paróquia pessoal para o rito tridentino fora da Administração Apostólica (ou há, se não me engano, em Anápolis, mas não estou certo), então nas paróquias diocesanas o rito será sempre uma forma não-ordinária da celebração da missa. É isso que temos até o momento.
Não adianta forçar o rito aos paroquianos locais.
Agora vamos ao nosso HowTo ***


1) Formar e Informar
Primeiramente é preciso trabalhar com o grupo que se tem. Não importa se vocês são 10 ou 1000 pessoas, todos devem estar bem formados na própria espiritualidade da liturgia tridentina, caso contrário seria puro saudosismo ou curiosidade a celebração do rito antigo.
Façam grupos de reflexão e oração, discutam assuntos pertinentes e coerentes com a realidade da Igreja. Mas discutir é diferente de criar polêmica.
Depois partam para a missão! Informem vizinhos, parentes, colegas de trabalho, etc, sobre a missa tridentina. Expliquem a riqueza do rito antigo e como o Papa o autorizou e o recomendou para o bem das almas.
Tudo isso pode ser feito mesmo antes da primeira celebração da missa. Mesmo antes da autorização do padre/bispo.

2) Integrar-se
Integrem-se ao cotidiano paroquial. Isso é o mais importante. Já escrevi várias vezes sobre isso.
Participem de alguns eventos promovidos pela sua comunidade paroquial. Evidente que há alguns eventos que são totalmente incompatíveis com a espiritualidade católica, mas que são promovidos pela paróquia... desses vocês estão dispensados!


3) Falem com vários padres
Respeitosamente, conversem com vários padres locais sobre a possibilidade da missa tridentina. Sondem o terreno. Alguns padres serão radicalmente contra! Não vou enganá-los escrevendo que todos os padres da diocese vão amar a idéia, subscrevendo o pedido. Não! Sabemos que não é assim, mas mesmo com uma potencial resistência é importantíssimo que se converse com vários padres.
Mostre aos sacerdotes o trabalho que vocês fazem, o grupo unido que formam.

4) Não tenham pressa
A pressa é inimiga da perfeição. Alguns querem a missa tridentina para ontem! Há algumas dificuldades técnicas que precisam ser observadas e superadas, caso contrário corre-se o risco de termos um rito tridentino cheio de abusos! Lembrando que mesmo um padre que conhece o rito precisa de tempo para se adaptar às rubricas.
5) Número de pessoas.
Por mais que o SP autorize uma missa para três pessoas, incluindo o padre, vamos pensar bem se isso é viável para a diocese ou paróquia. Não queremos, certamente, prejudicar o andamento da vida paroquial, portanto é preciso ter um número razoável de pessoas para a celebração do rito tridentino. 200 seria o ideal, mas sendo realista creio que 50 já é um número viável para a maioria das paróquias do país.
6) Detalhes
Lembrem-se que não é apenas dever do padre saber as normas do rito, mas também dos acólitos. Sim, o rito antigo precisa de acólitos! Pelo menos um. Se vocês tiverem um grupo de Canto Gregoriano, melhor ainda. Não se esqueçam das alfaias, candelabros, cruz processional e do próprio missal de altar.

7) Não causem celeuma!
Quando vocês pedem algo, vocês gritam, berram ou saem derrubando tudo? Claro que não! Por isso evitem discussões e polemicas inúteis. Resolvam tudo na intimidade de uma conversa respeitosa.

8) Vocês não são autônomos.
Na Igreja há uma hierarquia e esta deve ser respeitada, mesmo quando algumas pessoas em posição de poder usam desse poder para impedir que o SP seja aplicado. Evitem agir com uma autonomia absoluta, convidando pessoas para missa sem que esta esteja devidamente preparada ou agendada pelo padre/bispo. Evitem convidar pessoas de grupos ideologizados, mesmo nutrindo alguma afeição por elas. Acreditem, na primeira oportunidade todo o esforço será perdido!

9) O diabo e as pedras.
É preciso falar dos empecilhos sobrenaturais também! Mesmo não sendo pastor da IURD, eu preciso falar nele – o tinhoso! Ele não gosta do rito antigo! Não duvidem que muita da resistência ao rito antigo tem raiz sobrenatural, através dos pecados do orgulho e da vaidade, dos dois lados (dos que pedem e daqueles que negam). Que fazer então? Rezar! Rezar! Rezar! Padres e bispos, mesmo aqueles mais relapsos, estão sob um constante ataque espiritual e é seu dever rezar por eles. Eu mesmo poderia testemunhar-lhes que apenas uma única oração, feita em frente ao sacrário, rendeu-me 21 assinaturas pela missa antiga! O meu único esforço foi pegar o rosário e dedilhar as contas, mistério por mistério e Maria intercedeu imediatamente (literalmente, porque depois de terminada a oração...depois eu conto... :)).

10) Não desistir
Recebeu um não? Eu também recebi um e nem por isso estou rasgando as vestes nas escadarias da Catedral! Talvez o seu não veio porque você não soube expressar-se com clareza ou caridade. Reveja sua abordagem, seus métodos. Se receber um outro não, comece a subir a escada novamente, revisando tudo.
Se o não persistir então será inevitável comunicar o atual chefe da Ecclesia Dei. Mas isso é um último recurso! Por favor não entupam a Ecclesia Dei de cartas já no primeiro não recebido!
Comunicar a Ecclesia Dei, mesmo sendo um direito seu, cria uma atmosfera desagradável na maioria dos casos. Mas, se não houver outro meio...

11) Morda a língua!
Eu tenho as minhas convicções, você tem as suas e provavelmente o bispo ou o padre tem as dele. Certamente como eu me expresso no meu blog, por exemplo, vai ser muito diferente do modo como eu me expressarei com o bispo. Não precisarei abrir mão das minhas reservas e convicções para agradar ao bispo, mas eu vou usar um outro modo de me fazer entender. Lembre-se que a língua não é muito amiga da caridade...
12) Não seja preguiçoso
Como você pôde perceber a empreitada de solicitar uma missa tridentina não coisa simples ou fácil, mesmo quando o bispo e o padre concordam com a celebração. É preciso muito trabalho duro, muita oração e disposição. Preguiça não combina com missa.

13) Pense nos outros!
Só há um “organismo” na Igreja mais organizado que a Cúria Romana – os tradicionalistas blogueiros. Algo acontece no recôncavo e praticamente todos ficam sabendo quase simultaneamente. Isso é bom e ruim. Bom porque nos mantém unidos, de certa forma. Ruim porque uma besteira que um grupo faz acaba respingando em todos, mesmo em longas distâncias. Por isso, antes de fazer qualquer coisa, pense nas pessoas que estão trabalhando pela missa longe de você, em dioceses afastadas e em paróquias que você não conhece.

14 – Socialize experiências
O importante é trocar informações, mesmo via internet. Vários lugares, vários contextos. Trocar informações ajuda a evitar erros já cometidos por outros e a desenvolver melhor o trabalho. Cooperação deve ser uma marca entre nós. Ficar reclamando de tudo e lamentando-se demais não ajuda.
Se você tem dificuldade nessa ou naquela questão, alguém pode ter um bom conselho. O importante é falar.
Fonte:Igreja una e santa