sábado, 29 de maio de 2010

A SANTA MISSA É O MELHOR SACRIFÍCIO DE ACÇÃO DE GRAÇAS: Este sacrifício de acção de graças é a santa Missa, e assisti-la com esta intenção é, por conseguinte, uma maneira perfeita de agradecer a nosso soberano Benfeitor. “Este santo Sacrifício, diz Santo Irineu, foi instituído a fim de que não fôssemos ingratos para Deus” (Lib. 4, contra haer. C. 22). Fora deste Sacrifício, nada acharíamos para oferecer à Santíssima Trindade, na proporção de seus benefícios.


Os benefícios de Deus para conosco estão acima de todo o número e de todo o alcance. Criou-nos, concedeu-nos os sentidos e todos os membros do corpo; deu-nos uma alma feita à sua imagem e semelhança; santificou-a pelo batismo, escolheu-a para ser-lhe esposa; confiou-a à guarda de um Anjo. Cuida de nós, noite e dia, perdoa-nos os pecados pelo Sacramento da Penitência, e sustenta-nos com sua Carne no Sacramento da Eucaristia. Suporta, pacientemente, nossas ofensas, dá-nos boas inspirações, aguardando nossa conversão. Instrui-nos pela boca de seus sacerdotes, atende as nossas fracas orações e preserva-nos de mil perigos. É nossa consolação nas penas, nosso escudo nas tentações, a recompensa em qualquer circunstância. Como se tantas graças não fossem suficientes, acrescentou mais uma, excelente entre todas: adotou-nos por seus filhos.

“Considerai que amor o Pai nos testemunhou, fazendo que nos chamássemos filhos de Deus e que efetivamente o fôssemos”, escreve o Apóstolo São João (I Epístola, 3, 1). “Se somos filhos”, diz, por sua vez, São Paulo, “somos também herdeiros de Cristo” (Romanos, 8, 17). Não é excesso de bondade que pobres mendigos sejam admitidos à adoção e à herança do Rei dos reis?

Depois deste dom incomparável, sua mão paterna não se fechou; tendo o pecado nos colocado sob o poder de Satanás, Deus libertou-nos por seu Filho Jesus. “Deus amou tanto ao mundo que lhe deu seu Filho único” (Jo. III, 16), não só revestindo-o de nossa natureza, porém entregando-o por nós à morte mais dolorosa.

Se Deus não nos tivesse concedido outra coisa além de um olhar favorável, quem poderia agradecer-lhe bastante? Não é Ele a Majestade infinita, e nós, pobres criaturas? Como então agradecer a Jesus Cristo sua encarnação, vida, paixão e morte? Não devemos dizer com o rei David: “Que renderei ao Senhor por todos os bens de que me tem cumulado?” (Sl. 115) ou com o profeta Miquéias: “Que posso oferecer ao Altíssimo que seja digno dele?” (5, 6). E eis a resposta inspirada do santo rei: “Oferecerei um sacrifício em ação de graças e cumprirei meus votos ao Senhor” (Sl. 115).

Este sacrifício de acção de graças é a santa Missa, e assisti-la com esta intenção é, por conseguinte, uma maneira perfeita de agradecer a nosso soberano Benfeitor. “Este santo Sacrifício, diz Santo Irineu, foi instituído a fim de que não fôssemos ingratos para Deus” (Lib. 4, contra haer. C. 22). Fora deste Sacrifício, nada acharíamos para oferecer à Santíssima Trindade, na proporção de seus benefícios.

Também as palavras do missal indicam, claramente, o caráter de ação de graças da santa Missa. Além dos versículos já citados do “Glória”, se diz no “Prefácio”: “Agradeçamos ao Senhor, nosso Deus. É verdadeiramente justo e razoável, é proveitoso e salutar agradecer-Vos, sempre e em todo o lugar, Senhor santo, Pai poderosíssimo, Deus eterno, por Jesus Cristo, nosso Senhor”.

Imediatamente antes da consagração, o sacerdote diz: “Ele tomou o pão em suas mãos santas e veneráveis, e, levantando os olhos para o céu, rendeu graças”.

Oh! amável elevação dos olhos de meu Jesus! Oh! poderoso testemunho de gratidão, substituindo nossos agradecimentos incompletos! O que Jesus fez depois da última Ceia, renova-o em cada Missa. E nesta ação de graças duma pessoa divina, sendo infinita, Deus encontra uma satisfação incomparável.

Pesai agora o valor desta ação de graças. Se, desde a infância até agora, tivésseis agradecido a Deus os inumeráveis benefícios, teríeis feito menos do que assistindo apenas a uma Missa em ação de graças. Se tivésseis convidado todas as almas piedosas a unir os cânticos de agradecimento aos vossos, e, durante toda a vida, todos juntos, tivésseis unido vossas vozes e vossos corações, o resultado jamais atingiria ao da celebração da santa Missa. Dizemos mais, se o próprio exército celeste tivesse assumido esta tarefa, não se aproximaria da perfeição do reconhecimento testemunhado a Deus por Jesus Cristo sobre o altar.

Oh! Deus, faça-nos compreender o tesouro, oculto na santa Missa. Tal conhecimento nos tornaria felizes e ávidos de assistirmos ao divino Sacrifício!

“As graças, diz São Tomás de Aquino, devem ser referidas ao seu autor pela gratidão, e isto pelo mesmo canal com que no-las transmitiu”.

Jesus, porém, é o caminho pelo qual nos chega todo o bem. Logo, por Jesus Cristo, imolado sobre o altar, nossas ações de graças devem subir ao céu.

Também São Paulo, escrevendo aos Coríntios, diz: “Rendo ao meu Deus continuadas ações de graças, por vós, pela graça que vos foi feita em Jesus Cristo. Porque nele fostes cumulados de riquezas, de maneira que não ficais inferiores a ninguém em toda a sorte de graças” (I Cor. 1, 4)

Considerai, pois, piedoso leitor, quanto és devedor pela instituição da santa Missa, visto que, sem ela, não terias o meio de agradecer, dignamente, a Deus. Praza a Deus que possas apreciar bastante nossa felicidade. No santo Sacrifício, Jesus torna-se nossa propriedade; com ele possuímos-lhe os méritos, de maneira que, em união com a Vítima divina, podemos oferecê-los ao Rei celeste e apagar a dívida que nos acabrunha

fonte: http://www.derradeirasgracas.com/