sábado, 31 de dezembro de 2016

Encontra-se em curso o processo de beatificação do P. Abílio Gomes Correia, um sacerdote bracarense falecido em 29 de Junho de 1967 que se notabilizou pela devoção à Santíssima Eucaristia.



PADRE ABÍLIO GOMES CORREIAsacerdote da diocese de Braga
(1882-1967)


Apresentamos um resumo do que foi a sua vida e obra adiantando que outras informações podem ser solicitadas ao Cónego António da Costa Neiva, Pároco de S. Mamede de Este, 4710 Braga. Telefone 253 677 443.
Silva Araújo
O Padre Abílio Gomes Correia nasceu em Padim da Graça (Braga) em 9 de Fevereiro de 1882.
Filho de Manuel José Gomes e de Maria Gomes Correia, foi ordenado sacerdote em 24 de Setembro de 1904.
Começou o seu ministério sacerdotal como auxiliar do Pároco de Padim da Graça e capelão da Irmandade do Senhor dos Passos de Cabreiros.
Nomeado em 21 de Julho de 1907 pároco de S. Mamede de Este, aqui permaneceu, com duas interrupções, até à data da sua morte, em 29 de Junho de 1967.
Uma dessas interrupções consistiu em fugas provocadas pela perseguição religiosa resultante da Revolução de 1910. A igreja foi encerrada e o Pároco, para escapar à prisão, passou a celebrar Missa às escondidas, quer em capelas quer em casas particulares.
A segunda aconteceu entre Outubro de 1930 e 15 de Agosto de 1938, período durante o qual foi capelão do Hospital de Santa Casa da Misericórdia de Braga, onde regularizou os bens da Misericórdia, profundamente atingidos pela República.
Uma das actividades em que aquele Sacerdote se notabilizou foi na devoção à Santíssima Eucaristia. Iniciou a renovação eucarística em Portugal e foi um grande adorador do Santíssimo Sacramento. Durante sessenta anos praticou regularmente o seguinte horário: das 22 horas até à uma hora da manhã estava em adoração na igreja; da uma até às quatro, dormia; das quatro até à hora da Missa voltava a estar na igreja. Depois da celebração ficava longo tempo em acção de graças. Nos três dias de Carnaval passava toda a noite em adoração e desagravo.
Introduziu na Arquidiocese de Braga , em 29 de Dezembro de 1910, a Associação da Agregação e Adoração ao Santíssimo Sacramento, destinada a recrutar entre os fiéis de todas as idades e condições almas que se associassem à adoração feita pelos Religiosos do Santíssimo sacramento «para louvar a Divina Eucaristia e formar, em união com eles, uma guarda de honra em volta do Rei dos reis». Esta Associação estendeu-se a todo o País vindo a contar com 300. 000 associados, poucos anos depois.
Criou, posteriormente, os Pagens do Santíssimo Sacramento, para as crianças, em 1914; a Associação da Visita Diária ao Santíssimo Sacramento, em 1916; a Associação da Adoração Nocturna ao Santíssimo Sacramento, também em 1916.
Foi o promotor de congressos eucarísticos realizados em Braga (28 a 31 de Maio de 1923), na Póvoa de Varzim (1925), Guimarães (1927) e Viana do Castelo (1929), devendo-se-lhe também o I Congresso Eucarístico Nacional, que teve lugar em Braga de 2 a 7 de Julho de 1924.
Por ocasião do III Congresso Nacional do Apostolado da Oração, efectuado em Braga de 15 a 19 de Maio de 1957, conseguiu estender a toda a Arquidiocese Bracarense o Lausperene, que tinha instituído em S. Mamede de Este. Realizava-se, nesta freguesia, cada mês, durante a noite de Sábado para Domingo, mantido pelos homens, enquanto as mulheres adoravam o Senhor, ao menos durante três horas, na tarde desse mesmo dia.
A fim de orientar e propagar todas as obras de devoção ao Santíssimo Sacramento criou em 1914 a revista «Mensageiro Eucarístico», de que foi director e quase exclusivo redactor durante 48 anos. Esta revista, única do género em Portugal, foi o órgão da adoração ao Santíssimo Sacramento.
Notabilizou-se também pela devoção ao Coração Eucarístico de Jesus, em cuja honra fez erigir no monte Chamor, em S. Mamede de Este, um monumento com mais de 20 metros de altura, benzido em 4 de Agosto de 1957. A estátua de mármore do Sagrado Coração de Jesus segura na mão direita, ao alto, um cálice e uma hóstia, enquanto a esquerda aponta para o coração.
Durante a sua permanência em S. Mamede de Este o P. Abílio realizou também consideráveis obras materiais: restaurou a igreja paroquial, em cuja capela-mor mandou colocar seis painéis de azulejos alusivos à Ceia do Senhor, ao Santo Cura d’Ars, à comunhão frequente dos adultos e à comunhão precoce das crianças; e construiu a residência paroquial, que consagrou ao Coração de Jesus na festa de Cristo Rei de 1938; enriqueceu a igreja com uma estátua de S. Pio X, em pedra de Ançã, com metro e meio de altura. A piedade dos fiéis transladou-a, depois, para campa do seu pastor, no cemitério paroquial.
D. Eurico Nogueira assinou em 24 de Setembro de 1997 o decreto que introduz a causa de canonização do Padre Abílio Gomes Correia, que foi pároco de S. Mamede de Este, no arciprestado de Braga.
O Prelado Bracarense, nesse mesmo dia, nomeou Postulador da Causa o Arcipreste de Braga, P. Domingos Ferreira da Silva Brandão, tendo ainda constituído o Tribunal encarregado de instruir o indispensável processo., cuja fase diocesana foi concluída em 9 de Fevereiro de 2002. Seguiu, então para o Vaticano, onde será apreciado pela Congregação para as Causas dos Santos.
Na impossibilidade de presidir pessoalmente o Tribunal, D. Eurico nomeou Juiz Delegado o P. Dr. José Fernandes de Carvalho Arieiro. Como Juiz Delegado Adjunto foi nomeado o Cónego Doutor Manuel Fernando de Sousa e Silva. O Cónego Dr. Guilherme Frederico Malvar Fonseca foi nomeado Promotor de Justiça. Foi nomeado Notário o P. Dr. António de Oliveira Gomes.
A fase diocesana do processo foi concluída em 9 de Fevereiro de 2002. Seguiu, então para o Vaticano, onde será apreciado pela Congregação para as Causas dos Santos.